Março 28, 2024

Cooperativas mineiras contribuem para o desenvolvimento local

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Engajadas em fazer valer o princípio cooperativista do Interesse pela Comunidade e de se envolver na Agenda 2030 da ONU, as cooperativas mineiras dão exemplos de como promover o crescimento contribuindo para que as pessoas do seu entorno sejam beneficiadas, gerando um círculo virtuoso.

“As cooperativas se preocupam com o bem-estar dos cooperados e da sociedade, nos aspectos econômico, social e cultural. Elas têm compromisso com a sustentabilidade e trabalham de forma a crescer, sempre respeitando os recursos naturais e a comunidade”. Assim afirma o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, complementando que, ao fazer parte de uma cooperativa, a pessoa ingressa em um segmento alinhado com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), que fazem parte da Agenda com direcionamentos a ser seguidos pelos países para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas tenham paz e prosperidade até o ano de 2030.

Um exemplo é a cooperativa Dedo de Gente, que resgata a cultura local e engaja jovens em trabalhos manuais como artesanato, culinária e cinema. O empreendimento surgiu em 1996, na cidade de Curvelo, a partir do trabalho do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), criado pelo educador Tião Rocha.

“As crianças ficavam na ONG no horário contrário ao da escola aprendendo por meio de trabalhos na horta, brincadeiras educativas e reforço escolar, porém, ao completarem 13 anos elas saiam para trabalhar e complementar a renda da família. A Dedo de Gente surgiu, então, como um lugar onde os jovens podem continuar desenvolvendo sua criatividade e ainda levar um retorno financeiro para casa, com a participação na venda dos produtos”, explica a coordenadora pedagógica de unidade de Curvelo Cláudia Santos.

A Dedo de Gente atua também em Raposos e em Araçuaí, levando em conta a cultura e a história locais para o desenvolvimento dos produtos e serviços de cada fabriqueta, como são chamadas as unidades da cooperativa. São oferecidos produtos artesanais como doces, geleias, enfeites e jogos educativos. Em Araçuaí, os cooperados cuidam de um cinema, desenvolvem softwares para computadores e trabalhos de artes gráficas, bem como produzem curtas-metragens. E em Raposos, hoje em dia, o foco dos serviços está na jardinagem e na criação e venda de vassouras feitas de garrafas pet.

Com cerca de 70 cooperados, a organização mantém o cuidado com os valores que possui desde a sua fundação. As peças produzidas estão à venda no site: www.dedodegente.com.br.

Em meio a uma realidade difícil de tráfico de drogas e violência do bairro Jardim Teresópolis, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, surgiu a Cooperárvore. “Em 2004, foi criado na região o Instituto Árvore da Vida, que oferecia aulas de música para crianças e jovens. As mães que traziam os filhos, muitas vezes de longe, não tinham como ir para casa e voltar para busca-los no projeto. Foi então que, em 2006, começou a conversa para constituir uma cooperativa entre essas mulheres, que foi registrada oficialmente em 2008. Todo esse movimento culminou, além de tudo, na geração de renda local”, explica a presidente da Cooperárvore, Silvane Silva Carvalho.

A cooperativa tem como matéria-prima resíduos de tecidos automotivos e cintos de segurança doados pela Fiat, que tem fábrica na mesma região. Desse material são criados brindes corporativos, bolsas, malas, mochilas, carteiras, almofadas e jogos americanos, entre outros produtos.

“Para nós é muito gratificante ver que nossos artigos são produzidos a partir de descartes que teriam como destino o aterro sanitário para incineração”, acrescenta Dilvane. Segundo ela, a Cooperárvore é uma das pioneiras no reuso de tecidos automotivos no Brasil. A cooperativa, que possui um site de e-commerce (www.cooperarvore.com.br), está diversificando sua atuação e começou a produzir também uniformes de empresas sob encomenda, aproveitando a mão de obra das cooperadas.

Cuidado com o meio ambiente

Ciente de que a responsabilidade com o meio ambiente independe do tamanho do negócio a Cooxupé, de Guaxupé, maior cooperativa de café no Brasil, investe em ações que visam promover o desenvolvimento local.

Desde 2013, mantém o Núcleo de Educação Ambiental (NEA) Mata Viva, em parceria com a BASF – empresa química líder mundial – e com a Fundação Espaço ECO. O projeto beneficia alunos da rede de ensino de mais de 20 cidades da região Sul de Minas Gerais, com o objetivo de promover o engajamento da comunidade local e sua educação ambiental por meio de vivências na natureza e com conteúdo oferecido no ambiente escolar.

O espaço do NEA é aberto para visitação de alunos e professores. São feitas visitas ao viveiro de mudas, oficinas temáticas e trilhas interpretativas na mata. A iniciativa acaba sensibilizando indivíduos para a importância da conservação ambiental.

Somente no ano passado, 7.176 alunos de mais de 130 escolas de 23 municípios passaram pelo NEA vindos de cidades como Aguaí, Alfenas, Alpinópolis, Alterosa, Areado, Bom Jesus da Penha, Muzambinho, Mococa, Monte Santo de Minas, São Sebastião da Grama e Caconde. Em 2017, mais de 100 espécies foram cultivadas no viveiro de mudas, dentre elas Copaíba, Ipê do Cerrado, Jatobá, Jequitibá. Trinta e seis mil mudas foram doadas para instituições e propriedades rurais para a preservação de matas ciliares e nascentes.

“As cooperativas se destacam por possibilitarem o fortalecimento das diversas classes econômicas e viabilizarem a distribuição de renda de maneira mais democrática e socialmente justa. Os benefícios vão muito além do quadro de cooperados, pois a sociedade como um todo é impactada positivamente com as ações planejadas e colocadas em prática pelas cooperativas, de modo a contribuir com a transformação e crescimento das áreas onde estão inseridas”, afirma o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino. A cooperativa possui mais de 14 mil associados e 86 anos de existência.

Fonte: Sistema Ocemg

24/10/2018

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